Os betagonistas são fármacos utilizados em medicina humana e em medicina veterinária.
Na medicina humana são usados como broncodilatadores para o tratamento de ataques de asma de grau ligeiro a moderado e em alguns casos de bronquite crónica e enfisema.
Na medicina veterinária são usados em equídeos e em animais de companhia para tratamento de problemas respiratórios.
Nos bovinos só é permitida a utilização de um betagonista, o Clembuterol, nas condições definidas por lei.
O Clembuterol pode ser usado em vacas para inibição do parto prematuro (actua por inibição da contracção da musculatura lisa a nível do útero) e se o fármaco for administrado de forma injectável por médico veterinário. Para controlar esta forma de utilização, as explorações têm de possuir um Registo onde devem ser anotadas, pelo médico veterinário, as aplicações deste fármaco.
As restantes utilizações de Clembuterol em bovinos são ilegais.
É ilegal a utilização de todos os outros betagonistas.
Quando utilizados em doses elevadas (no caso do Clembuterol são doses pelo menos cinco vezes maiores do que a dose terapêutica), os betagonistas têm efeito anabolizante, ou seja fazem aumentar a massa muscular e, simultaneamente, reduzir a gordura da mesma. Verifica-se, também, o aumento do conteúdo de água no músculo.
É por causa deste efeito anabolizante que os betagonistas são usados como promotores de crescimento, permitindo obter um crescimento mais rápido no mais curto espaço de tempo, tornando por isso as explorações mais rentáveis.
Como no caso dos bovinos existe uma possibilidade de utilização terapêutica do Clembuterol, a legislação estabelece Limites Máximos de Resíduos (LMR) para a carne de bovino e para o leite.
Para os restantes betagonistas não existe LMR, uma vez que a sua utilização é proibida.
Consequências do consumo de carne com resíduos de betagonistas
Intoxicação aguda: desencadeada por consumo de alimentos com doses elevadas destes residuos.
Sintomas: tremor muscular (principalmente das mãos), nervosismo, palpitações, cefaleias, taquicardia e arritmias, náusea e vómitos.
Para determinação laboratorial da utilização indevida de betagonistas recolhem-se amostras em animais vivos – urina, sangue, pêlo, ração e água de bebida ou em carcaças – músculo, fígado, gordura peri-renal, rim e retina.
O betagonista mais identificado nas pesquisas laboratoriais realizadas pelos organismos de controlo é o Clembuterol.
O Clembuterol fixa-se preferencialmente em tecidos pigmentados e, por isso, se pesquisa no pêlo escuro e na retina.
A carne de animais a que foram administrados betagonistas é homogénea, com muito pouca gordura e que depois de cozinhada reduz substancialmente o tamanho. Esta redução é provocada pela libertação da água acumulada na carne.
A carne é também mais dura porque a degradação das fibras na carne tratada é menor e a presença de mais fibras torna a carne mais dura. Também a falta de gordura contribui para aumentar a dureza da carne.
Fonte ASAE